segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Quem Foram os Espartanos

Esparta: O governo oligárquico

Esparta localizava-se na península do Peloponeso, numa região que tinha terras apropriadas para o cultivo da vinha e da oliveira. Nunca teve uma área urbana importante. Era uma cidade de caráter militarista e oligárquico.
O governo de Esparta tinha como um de seus principais objetivos fazer de seus cidadãos modelos de soldados, bem treinados fisicamente, corajosos e obedientes às leis e às autoridades.
A sociedade espartana dividia-se em três categorias principais: esparciatas, periecos e hilotas.
Os esparciatas eram os cidadãos espartanos, que permaneciam à disposição do exército ou dos negócios públicos, podendo participar do governo da cidade. Eram os proprietários da terra e não podiam exercer o comércio. Deviam dedicar sua vida ao estado espartano.
Os periecos, assim como os esparciatas, eram homens livres, mas dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato. Descendiam dos povos conquistados pelos esparciatas e não tinham direitos politicos nem participavam dos órgãos do governo. Pagavam impostos ao Estado.
Os hilotas viviam presos à terra dos esparcitas, sendo duramente explorados. Deviam cultivar essa terra a vida inteira e não podiam ser expulsos de seu lugar. Com seu trabalho, sustentavam os cidadãos (esparciatas). Desprezados socialmente, promoviam freqüentes revoltas contra o Estado. Para controlar as revoltas e manter os hilotas sob clima de terror, os espartanos organizavam expedições anuais de extermínio(criptias), que consistiam na perseguição e morte dos hilotas considerados perigosos.
Analisando a situação dos esparciatas, periecos e hilotas, alguns historiadores afirmam que os periecos, por dominar o comércio e o artesanato, podiam enriquecer, desfrutando de certo conforto material e liberdade. Os esparciatas, por sua vez, cumpriam obrigações tão pesadas em relação ao Estado que se tornaram vítimas de suas próprias instituições. Quanto aos hilotas, sua vida era marcada pela opressão e miséria.

O poder dos esparciatas
Esparta era governada por dois reis, um pertencente, tradicionalmente, à família dos Àgidas e o outro à família dos Euripôntides. Entre suas funções, destacavam-se os serviços de caráter militar e religioso. Em tempo de guerra, um dos reis exercia o comando dos exércitos.
A administração política era exercida, também, por três órgãos. O primeiro deles, chamado Gerúsia, era o concelho vitalício de Anciãos, constituído pelos dois reis e mais 28 esparciatas maiores de 60 anos. Tinha funções administrativa (supervisão), legislativa (elaboração de projetos de lei) e judiciária (tribunal superior). O segundo era a Ápela, assembléia formada por cidadãos espartanos maiores de 30 anos. Elegia os membros da Gerúsia e aprovava ou rejeitava as leis encaminhadas por eles. O terceiro órgão era o Conselho dos Éforos, grupo formado por cinco membros eleitos anualmente pela Ápela. Os éforos, com mandato de um ano, eram verdadeiros chefes do governo espartano: coordenavam as reuniões da Gerúsia e da Ápela e controlavam a vida econômica e social da cidade, podendo vetar os projetos de lei e fiscalizar as atividades dos reis.

Educação dos espartanos
O objetivo principal da educação espartana era transformar os jovens em bons soldados, capazes de manter a segurança da cidade. Nesse treinamento educacional eram muito importantes os treinamentos físicos, como salto, corrida, natação, lançamento de disco e dardo.
As mulheres espartanas recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades esportivas. O objetivo era dotá-las de um corpo forte para gerar filhos sadio e vigorosos.
Ao nascer, a criança espartana era inspecionada por membros do governo, que verificavam seu estado de saúde. Se fosse saudável, merecia os cuidados do Estado. Se fosse doente ou apresentasse alguma deficiência física ou mental, podia ser imediatamente morta.
De acordo com Plutarco (50-120 d.C.), quando nascia uma criança espartana, pendurava-se na porta da casa um ramo de oliveira (se fosse um menino) ou uma fita de lã (se nascesse uma menina). Havia rituais privados de purificação e reconhecimento da criança pelo pai, além de uma festa de nascimento conhecida como genetlia, na qual o recém-nascido recebia um nome e presentes de parentes e amigos. (Cf. Maria Beatriz B. Florenzano. Nascer, viver e morrer na Grécia antiga)
A partir dos 7 anos, os pais (cidadãos) não mais comandavam a educação dos filhos. As crianças eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores especializados para esse fim. Vejamos alguns dos métodos da educação espartana, tendo como base o relato dos historiadores gregos Xenofonte (A constituição dos lacedemônios) e Plutarco (A vida de Licurgo).
Em lugar de proteger os pés com calçados, as crianças eram obrigadas a andar descalças, a fim de aumentar a resistência dos pés. Usavam um só tipo de roupa o ano inteiro, para que aprendessem a suportar as oscilações do frio e do calor.
A alimentação era bem controlada. Se alguma jovem sentisse fome em demasia, era permitido que furtasse para conseguir alimentos. Castigavam-se, entretanto, aqueles que fossem apanhados roubando.
Uma vez por ano, os meninos eram chicoteados em público, diante do altar de Ártemi (deusa grega vingativa, a quem se ofereciam muitos sacrifícios). Essa cerimônia constituía uma espécie de concurso público de resistência à dor física.
Na adolescência, os jovens eram encarregados dos serviços de segurança na cidade. Qualquer cidadão adulto podia vigiá-los e puni-los. O respeito aos mais velhos era regra básica. Às refeições, por exemplo, os jovens deviam ficar calados, só respondendo de forma breve às perguntas que lhes fossem feitas pelos adultos.
Com 20 anos, o jovem espartano entrava no exército. Mas só aos 30 anos de idade adquiria plenos direitos políticos, podendo, então, participar da Assembléia dos Cidadãos (Ápela).
Para o historiador italiano Franco Cambi, a educação desenvolvida em Esparta e Atenas constitui dois modelos educativos diferentes. Em Esparta, a perspectiva militar orientava a formação de cidadãos-guerreiros, defensores do Estado. Já em Atenas, predominava um tipo de formação mais livre e aberta, que, de modo mais amplo, valorizava o indivíduo e suas capacidades.